quarta-feira, 29 de setembro de 2010

EPIPHONE - UMA MARCA ENTRE AS GRANDES

Quando olhamos ou pensamos em guitarras Epiphone, estamos a pensar em guitarras razoáveis e económicas. E pensamos logo como sendo o parente pobre da Gibson. Pois bem, esta marca merecia muito mais respeito da parte de todos. Haverá guitarras desta a preço acessível, mas também material cujo preço é elevado. Logo, aqui tem que haver diferenças no material.

Olhando para a história da Epiphone, vamos ver que não se trata de uma marca a sombra da casa-mãe e que merece respeito francamente merecido.

Anos 20. O swing estava na moda. O som do banjo e do bandolim, muito usado até então, foi substituído gradualmente pelo da guitarra. Para qualquer empresa de instrumentos musicais se manter no topo em vendas, era essencial acompanhar a tendência de comercialização de guitarras.

Epaminondas Stathopoulo, de origem grega mas a viver nos Estados Unidos, ficou com a empresa de instrumentos musicais do pai, a House of Stathopoulo. O nome não era muito apelativo e assim mudou-lhe o nome para Epiphone (‘Epi’ da abreviatura do seu nome, e ‘phone’ para a palavra grega para som). O objectivo principal da empresa era a produção de banjos, mas rapidamente mudaram para a produção de guitarras.

A Gibson inovou com alguns modelos de guitarras, mas não soube aproveitar essas inovações para aumentar o volume de vendas, como por exemplo, a caixa de ressonância com apenas os ‘f’ laterais de saída de som. A Gibson perdeu o seu grande homem, lloyd loar, que inventou alguns modelos importantes. Lloyd sentiu-se tão frustrado com o fraco volume de vendas das suas guitarras que abandonou a marca. Quando a Gibson se dedicou a material para crianças, em 1931, a Epiphone lançou no mercado, não uma, mas sim toda uma gama de guitarras archtop para combaterem o modelo L-5 de Lloyd. Era o início de uma grande rivalidade entre a Epiphone e a Gibson que iria durar 20 anos.

Os guitarristas de jazz começaram a comparar as guitarras provenientes da Gibson e da Epiphone pela qualidade que ambas possuíam. A Epiphone conseguiu ser a marca preferida por muitos guitarristas, ultrapassando a Gibson no volume de vendas. Esta marca destacava-se, não só pela construção das guitarras, mas também pelos nomes que davam aos modelos. Ao passo que a Gibson atribuía números aos seus modelos, a Epiphone dava nomes distintos aos seus modelos, como por exemplo, De Luxe, Broadway, Windsor, Tudor, Zenith e Triumph. Os modelos de topo de gama continham desenhos e efeitos impressionantes na cabeça, bem como incrustados com formas exóticas de flores, diamantes e desenhos especiais.

A Gibson, apostada em dar a volta à situação, foi sempre lançando novos modelos. Contudo, a Epiphone nunca se ficou pelo caminho, ombreando constantemente com a sua rival, respondendo sempre a novos modelos que iam surgindo. Quando a Gibson lançou a Advanced com corpo em branco, a Epiphone respondeu com uma guitarra com corpo maior.

Ambas as empresas entraram no mercado das guitarras eléctricas e dos amplificadores, em 1935. Um funcionário da Epiphone, Herb Sunshine, em 1937, desenvolveu uma bobine com íman ajustável, vindo a ser conhecido por ‘pickup’. A Gibson, em 1940, montou pickups na sua ES-150 que produzia um som soberbo, ao contrário da Epiphone que às vezes o som falhava devido à falta de filamento na bobine. Entretanto a Epiphone teve um conflito com a Rickenbacker devido à patente de alguns pickups.

A Epiphone lançou um pedal de volume, em 1937, o Rocco Tone Expression, tratando-se do primeiro pedal de efeitos a ser comercializado.

Entretanto, nos anos 40, a luta continuou entre as duas marcas rivais. Contudo, durante a segunda guerra mundial, todos os construtores de guitarras (e não só) foram obrigadas a produzirem material militar. No caso da Epiphone, dedicou-se a produzir componentes para aviação.. Em 1943, a empresa sofreu um golpe muito profundo com a morte de Epi Stathopoulo, de leucemia. A seguir à guerra, os dois irmãos de Epi, Orphie e Frixo, tomaram as rédeas da empresa para reestabelecerem a construção de instrumentos musicais. Mais uma vez, a Epiphone destacou-se da Gibson com o lançamento da nova Zephir Deluxe Regent, um modelo archtop eléctrica de luxo com cutaway. Contudo, os irmãos não tiveram habilidade suficiente para progredir de forma efectiva na empresa. Apesar de haver músicos famosos a usarem as suas guitarras, a Epiphone estava em vias de desaparecer, tal o estado financeiro da empresa. Frixo vendeu todas as suas acções em 1948, e Orphie associou-se a um conhecido fabricante de instrumentos musicais de metais e de orquestra, a CE CONN. A mudança de Nova Iorque para Filadélfia fez com que a Epiphone perdesse muitos funcionários altamente qualificados para a nova Guild (futura Gretsch) que entretanto compraram toda a maquinaria da Epiphone. Orphie recuperaria o controlo da empresa, em 1954, e em 1956, os dois irmãos uniram-se novamente numa tentativa de renascer a Epiphone, mas já muito tarde. As vendas caíam a pique e a marca ficou um pouco marginalizada.

Em 1957, Orphie telefonou a Ted McCarthy, da Gibson, oferecendo-lhe todas as ferramentas e contrabaixos da Epiphone. Ted resolveu investigar o porquê desta proposta e rapidamente verificou que o negócio envolvia muito mais do que isso: toda a linha de produção e peças novinhas em folha. Uma marca lendária acabou neste dia pela quantia de 20.000 dólares, um preço ridículo comparado com os 13.000.000 dólares que a CBS pagou pela Fender 8 anos mais tarde). Com esta aquisição, a Gibson livrou-se do seu principal concorrente, mas continuou a produzir guitarras com a marca Epiphone.

De início apareceram guitarras de ambas as marcas de grande qualidade. Contudo, perto da década de 60, as guitarras com menor qualidade passaram a serem produzidas sob a marca Epiphone. Apesar disto, continuavam a ter a sua própria personalidade, tendo adeptos que as compravam, continuando, assim, a gozarem de alguma popularidade.

O ano de 1970 marcou um revés na empresa, pois a Epiphone não tinha o apoio de todos os responsáveis da Gibson e, como tal, decidiu-se que a produção da Epiphone seria feito no Japão. O actual presidente da Epiphone afirmou recentemente que esta marca, para a Gibson, era uma espécie de filho não desejado, não entendendo o porquê de tal ‘afastamento’ da produção entre as duas marcas, uma vez que em 1967, as vendas da marca chegavam ao máximo de sempre, caindo a pique com tal decisão da mudança para o país do sol nascente. A Gibson afirmou que era uma decisão lógica uma vez que a prioridade era a Gibson.

A Epiphone dedicou-se à produção de réplicas de modelos da Gibson, mas com ligeiras diferenças ornamentais. Nos anos 80 apareceram alguns modelos de qualidade com a marca Epiphone, mas foram absorvidos pela marca-mãe, tornando a Epiphone numa triste sombra de velhas glórias. A produção, do Japão, passou para a Coreia, onde os custos são mais baixos, permitindo baixar o custo final das guitarras.

Em 1992, Jim Rosenberg foi nomeado director de produção da Epiphone sob alçada da também nova direcção da Gibson. Jim introduziu um maior controlo de qualidade nas suas guitarras e as coisas mudaram. Houve uma deslocação da produção da Coreia para a China, em 1998. Passaram a serem produzidos alguns modelos limitados, despertando o interesse de alguns amantes e coleccionadores de guitarras.

A produção da Epiphone nunca foi tão abrangente como agora, tentando acompanhar todas as tendências para várias necessidades: surgiram guitarras para principiantes, nada mais do que 15 baixos distintos e guitarras originais (Prophecy, Les Paul Ultra II e Alleykat), a preços acessíveis e com qualidade garantida.

6 GRANDES GUITARRAS EPIPHONE:

- De Luxe (1930)

- Zephyr Regent Emperor (meados anos 50)

- Coronet (finais anos 50)

- Casino (meados anos 60)

- Excellente (finais anos 60)

- 62 Crestwood (2009)

GUITARRISTAS QUE USARAM/USAM EPIPHONE:

- Oscar Moore

- Les Paul

- Chet Atkins

- B.B. King

- Paul McCartney

- Tommy Thayer

- Slash

- John Lennon

- John Lee Hooker

- Joe Pass

- Django Reinhardt

- Nick Valensi

- T-Bone Walker