domingo, 23 de agosto de 2009

Origens da guitarra eléctrica

A guitarra eléctrica teve origem em algo muito simples: aumentar o som das guitarras acústicas. No início do século XX, nos concertos de jazz, o som da guitarra era completamente abafado pelo piano, bateria e pelos metais. As primeiras tentativas de ampliar o som de uma guitarra aconteceram em meados dos anos 20 do século passado por investigadores profissionais que trabalhavam para fábricas de instrumentos musicais.

Inicialmente começou-se por colocar um microfone à frente da caixa da guitarra e posteriormente no interior da mesma, originando o aparecimento do chamado “efeito Larsen” (vulgo feedback). Como o microfone tinha muita potência, o som saído pelo amplificador era novamente captado pelo microfone instalado no interior da guitarra, fazendo um loop sonoro cujo resultado é um som estridente e desagradável. Para se evitar esta situação, passou-se a instalar um microfone mais fraco. A solução foi uma cabeça de gira-discos em vários pontos da guitarra. Duas pessoas adoptaram este método: Les Paul (guitarrista, projectista e construtor de guitarras) e Fred Tavares (viria a ser engenheiro-chefe da Fender). Não era a opção mais correcta, mas foi o início para outros voos mais altos.

Em meados dos anos 20 do século XX, já havia grande preocupação em resolver o problema de falta de som. A marca Gibson revolucionou a técnica de construção, fabricando, pela primeira vez, um modelo acústico baseado nos violinos: a tradicional boca desaparecia, surgindo os dois “f” de cada lado do tampo, característica notória das guitarras de jazz. Com abertura reduzida, eliminava-se o efeito de feedback, mas não a falta de som. Um dos modelos foi a Gibson L5.

Gibson L5

Nesta altura, surgiu a marca de guitarras Nacional, que inventou o modelo Ressonator: a própria caixa, em alumínio, tinha um sistema complexo que captava as vibrações das cordas por 3 cones, amplificando o som de seguida. Tanto a guitarra em “f” como a Ressonator têm sucesso nos nossos dias.

National Ressonator
Em 1931, a marca Rickenbacker inventou um vibrador magnético que o instalou numa guitarra, resolvendo, por fim, o problema da falta de som! Este vibrador é conhecido por pickup! Esta invenção solucionou tão bem o problema da falta de som, que praticamente nada mudou desde essa altura. Um pickup é constituído por uma pequena barra magnética em volta da qual estão enroladas várias espiras de fio de cobre finíssimo. As vibrações das cordas modificam o campo magnético do íman; os condutores captam estas variações que, transmitidas ao amplificador sob a forma de corrente eléctrica de baixa tensão, são transformadas em som. Com o passar dos anos, o íman central foi substituído por 6 mais pequenos, sendo 1 por corda.
A Gibson foi a marca a comercializar a primeira guitarra verdadeiramente eléctrica: a ES-150. Este modelo foi rapidamente aceite pelos grandes guitarristas da altura, que ajudaram na divulgação da guitarra, como por exemplo, Charlie Christian. Aliás, o pickup da ES-150 é conhecido por Charlie Christian.
Gibson ES-150
A seguir à 2ª Guerra Mundial, surgiu um novo problema: os guitarristas de country, nas suas actuações em rodeos, ainda se queixavam da falta de som em relação ao excesso de barulho que o público fazia. Também se queixavam do excesso de peso e de volume das guitarras. Leo Fender tinha constantes visitas de guitarristas a queixarem-se destas maleitas. Assim, em 1946, a Fender debruçou-se no estudo de uma guitarra que representasse uma solução para estes problemas. Cedia protótipos de guitarras que ia concebendo a vários guitarristas, para estes as usarem em palco e em estúdio para verem os seus desempenhos, numa tentativa de fabricar uma guitarra quase isenta de falhas. Assim, em 1948, nasceu uma das primeiras guitarras designadas solid body, a Fender Broadcaster. Este nome foi mudado para Telecaster por uma questão burocrática.
Fender Broadcaster
4 anos depois, apareceu uma guitarra excepcional: a Gibson Les Paul. Talvez só alguém ligado a design possa apreciar plenamente a absoluta perfeição da forma deste instrumento. Foi uma guitarra revolucionária, embora tecnicamente não tivesse muitas inovações. De início foi feita para jazz, mas ao longo dos anos adaptou-se a todos os estilos musicais.
Gibson Les Paul
Em 1954 nasce outra grande guitarra lendária:a Fender Stratocaster. Esta é a guitarra mais conhecida em todo o mundo. A estética é simples e igualmente perfeita, revolucionando com os seus 2 ‘cornos’ que a caracterizam, com a entrada do jack escavada na madeira, com o botão do volume perto da mão direita e com o synchronized tremolo, permitindo um vibrato muito bomatravés da alavanca de vibrato, mantendo a afinação das cordas da guitarra.
Fender Stratocaster
Todas as marcas de guitarras eléctricas baseiam-se nestes modelos que acabei de referir. Estes, são, pois, modelos de referência no mundo musical. Brevemente irei abordar um pouco da história e os principais modelos das duas grandes marcas americanas: Gibson e Fender.
Oiçam boa música, estudem e bons riffs!

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